Fotografia Haikai

Não se trata de uma aula de técnicas fotográficas, mas um convite a uma experiência dos detalhes, do silêncio, da contemplação e da abertura de sentidos.

Esse ateliê nasceu dentro da proposta do Festival Cria:Sonhários, idealizado e realizado pela Residência Criativa, em 2023. A partir da estética japonesa da contemplação do mínimo detalhe, os participantes foram convidados a pausar o olhar, a reordenar sua respiração e deixar-se levar pela paisagem.

O grande mestre dos poemas Haikai foi Matsuo Bashô, e ele viveu no chamado Período Edo, no Japão, entre os anos de 1644 e 1694. Bashô era um viajante, e desenvolvia seus poemas diretamente do que via pelos seus caminhos. Sua poética era realmente uma elaboração de caminhos. Para ele, havia dois elementos básicos no poema:

* a PERMANÊNCIA - uma condição geral da natureza em cada época, como as estações do ano, por exemplo;

*a TRANSFORMAÇÃO - as percepções momentâneas específicas de um instante, que se destacam na permanência, como uma brisa, uma folha que cai, um pingo de chuva... Para cada estação da natureza, existem as microestações ou “Kigos", como eles dizem. O haikai não é uma poesia lírica, voltada para os próprios sentimentos, mas sim uma poesia que nasce de fora para dentro, como um cântico de louvor à natureza.

Quantas cores de céu existem entre o dia total e a noite total? Já pensou nisso? Já reparou num nascer e num pôr do sol com atenção? A proposta dessa experiência é a observação atenta à realidade, nos seus mínimos detalhes, com tempo de contemplação e silêncio para a busca das melhores paisagens.

O ateliê propõe uma abertura de sentidos - atenção aos detalhes e aos limiares entre as coisas que vemos, mas dificilmente reparamos. Uma busca pelos kigôs, as pequenas trasformações das paisagens, num exercício meditativo, contemplativo e depois compartilhado.