O Arké em 2023 - Sentidos regenerados e céus partilhados.

Essa quarta-feira regenerativa é uma resposta à ideia de regeneração semanal que propus ao longo do ano com os artigos do blog, e uma forma de falar sobre a minha própria regeneração vivida nesse ano.

Quando alguém diz que está em ano sabático, há primeiro um automático espanto, normal numa sociedade que quase nunca consegue parar. Depois, imediatamente, vem a pergunta: “e você vai viajar? Sair de cena? Vai descansar onde?”

 Pois bem! O ano de pausa no emprego institucional me colocou num modo novo de trabalho, que valeu como um profundo autocuidado, em relação às reflexões sobre o sentido da educação, que venho fazendo há anos.

Em 2023, o Arké que nós - Adriana e eu - gestamos por alguns bons anos de prosas e processos criativos, veio ao mundo.

E me proporcionou encontros com almas criativas que nunca tinha vivido antes.

Imagem extraída de: @cult.glass

O Arké é especialmente um projeto de escuta, para ser também uma proposta de orientação. Nessa escuta, conheci pessoas que estavam em fases diferentes de suas vidas :

– algumas fechando ciclos de personalidade, e tentando entender as transformações vividas internamente (e por isso a criação);

- outras, abrindo ciclos profissionais empreendedores, depois de tempos trabalhando para outras pessoas (e por isso a necessidade de um olhar criativo para a vida em volta);

outras ainda, descobrindo seus potenciais como educadores (querendo muito ser criativos na sala de aula, sem se perder em tarefas e burocracias);

e ainda, gente que só estava cansada mesmo, precisando de um espaço para poder falar e (se) perceber diante do cansaço, para depois simplesmente poder voltar e retomar de onde tinha parado (e aí o processo criativo foi uma forma de regenerar a si mesmo, na saúde).

Enfim... aqui no Arké, a gente sabia que é um projeto de escuta.

Se você acompanhou nossas reflexões sobre a Antropologia dos Sentidos no primeiro semestre, sabe que a escuta é o sentido da alteridade – o que eu escuto é o que vem do outro, é o que vem de fora para dentro de mim; em contraposição à visão, que é o sentido da individualidade – o que eu vejo, o que me provoca a olhar no mundo, de dentro de mim para fora.

O sentido de Orientação foi provocado depois da escuta, como uma forma das pessoas poderem se perceber diante do que traziam, e poderem fazer escolhas criativas a serem acompanhadas pela nossa presença. Nosso papel, muitas vezes, foi colocar ritmo e constância onde havia turbilhões de entusiasmo se alternando com a apatia e a melancolia. Toda mudança gera altos e baixos mesmo, e é preciso se orientar diante das circunstâncias que estão à nossa frente, para não nos perdermos dentro dos nossos turbilhões, e corrermos o risco de ficarmos incomunicáveis com o mundo, enquanto mergulhamos na criação.

A realização do Arké foi muito isso para mim nesse ano: uma oportunidade de viver a educação por um outro caminho - o caminho da singularidade - e poder conhecer e contribuir com pessoas para “flortalecer” suas vitalidades, num exercício de ser presença nesse mundo que mais tenta nos desordenar do que nos situar.

Sou só agradecimentos a esse ano sabático e a cada céu interior que pude descobrir pelas conversas, pelos cafés, pelos livros, filmes, passeios peripatéticos pela cidade, tudo mediado pelo que há de mais bonito na singularidade de uma pessoa – o seu processo de criação e a sua vontade de ser e estar presente no mundo.

Não poderia ser melhor que isso. Estou descansada.

Mais do que uma viagem para outros países ou outras culturas, pude viajar pelas paisagens interiores de pessoas que me procuraram e que aceitaram dividir comigo seus mais profundos e iluminados céus internos.

Muito obrigada a quem esteve comigo no Arké nesse ano.

E, principalmente, muito obrigada Adriana, por ser há anos a melhor companhia para buscar o verdadeiro princípio que rege as coisas que verdadeiramente importam nessa vida.

Nossos cafezinhos e prosas há tempos acontecem em estado de céu.

Para saber mais sobre a proposta de mentoria do Arké e me chamar para uma conversa criativa em 2024,

clica aqui e depois me chama pelo whatsapp: (11) 99287 2100.

Estou esperando para ouvir suas ideias.

As imagens que aparecem no carrossel são da artista KangHee Kim: Vai lá ver o instagram maravilhoso que ela tem:

E as duas últimas imagens não sei a autoria. Elas compõem meu álgum de imagens no pinterest. Se você souber de quem são, vou agradecer muitíssimo.

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