O tempo da educação e o tempo do mundo: a tutoria como uma alternativa de conciliação.
Fim de trimestre escolar: vamos falar de tutoria?
Em primeiro lugar, é preciso definir melhor essa ideia de tutoria, que habitualmente se confunde com outro tipo de acompanhamento, que é a mentoria.
Quando uma pessoa precisa de um tutor, está imersa num ambiente de aprendizagem circunscrito por regras e por procedimentos que precisam ser aprendidos. Geralmente, quem realiza a tutoria, deve conhecer bem esses ambientes de aprendizagem, para ajudar a pessoa a se sentir mais segura, mais autônoma e cada vez mais consciencializada, não só de suas dificuldades e desafios (que devem ser trabalhados pelo tutor), mas também de suas potencialidades e criatividade na forma de aprender (e isso também deve ser trabalhado). Para isso, a pessoalidade do processo de aprendizagem e uma relação de confiança e proximidade com o tutor são fundamentais.
Trata-se de um atendimento estabelecido por uma rotina individualizada, que vem junto com o cuidado de uma anamnese sobre o que está por trás das aparentes dificuldades da pessoa.
Em se tratando da faixa etária escolar adolescente, são necessárias algumas investigações:
· sua saúde orgânica e disposição física;
· o uso do tempo para atividades de lazer e descanso;
· o tipo de lazer do dia-a-dia e o quanto isso interfere na concentração e na qualidade do tempo;
· relações sociais estabelecidas na escola e o quanto isso pode estar afetando o dia-a-dia das tarefas.
Esses e outros fatores contam muito no processo de mapeamento das dificuldades e barreiras na aprendizagem, e fazem parte da anamnese inicial, para depois elaborar um plano de ordenação de rotina – tempos e ritmos para desenvolver um trabalho específico.
A tutoria, então, é um processo que envolve a autoridade presentativa, isto é, a autoridade da presença da pessoa que propõe uma alternativa ao processo de aprendizagem, mas sempre respeitando o ambiente e as regras definidas pelo próprio ambiente escolar.
A mentoria, por outro lado, é um trabalho voltado ao universo adulto, porque parte de uma liberdade criativa e de uma geração de ambiência para os processos criativos. Essas regras não estão dadas externamente, como na tutoria; mas são elaboradas juntamente com o mentor, a partir de combinados de entregas ao longo de percurso; tempo definido para o processo terminar (geralmente é o tempo de um projeto de criação) e a rotina elaborada em parceria. A mentoria tem um caráter de co-laboração – um labor em conjunto; uma parceria de caminhada, na estrada livre necessária aos processos de criação autônomos.
Dito isso, é hora de olhar para as necessidades que os adolescentes estão apresentando ao fim desse primeiro trimestre de 2024. Depois de um ano sabático em 2023 e voltado especialmente para o acompanhamento de processos criativos na mentoria, optei por abrir a agenda para a tutoria agora.
É muito importante poder rever os tempos da aprendizagem, mas a gente sabe que é muito difícil fazer isso somente na sala de aula. A escola tem suas demandas coletivas, por mais que cada professor volte seus olhos aos indivíduos, e posso garantir que o tempo todo estamos preocupados com cada um individualmente, mas a própria estrutura escolar tem no coletivo seu fundamento, não é?
Por outro lado, a pessoalidade da autoridade do tutor baseada numa relação de confiança estabelecida com o estudante, pode ser uma alternativa para repensar a aprendizagem e retrabalhar o tempo da rotina, que não esteja conseguindo se cumprir na escola como o esperado.
Meu interesse como educadora desde sempre foi maior em descobrir caminhos de aprendizagem do que trabalhar os conteúdos em si. Essa sempre foi minha principal característica como professora antes e depois de entrar na escola.
Por isso, tomei duas decisões ao voltar para a escola em 2024: primeiro, diminuí pela metade o número de aulas que tinha até 2022, e depois abri minha agenda para atendimentos de tutoria e acompanhamento de aprendizagem. Uma decisão totalmente ligada à outra. Sigo na escola ensinando e observando a realidade dos grupos, mas abro um outro espaço para atender as necessidades pessoais de estudantes que estão com dificuldade de se adaptar às rotinas escolares.
É hora de abrir a salinha e agendar os encontros para melhorar o dia-a-dia dos processos de aprendizagem. Maio está quase aí e já deu tempo de perceber para quem esse processo é muito necessário.
Você se interessa ou conhece alguém que se interessaria por esse acompanhamento? Compartilhe esse texto com essa pessoa, além de compartilhar meu site. Lá tem outras informações sobre mim e sobre minha maneira de trabalhar.
Seguimos.
